Brasil e Portugal prezam por difusão da língua, e africanos como Angola e Moçambique buscam parcerias estratégicas

Um mundo com 8 bilhões de pessoas coloca desafios consideráveis sobre a mesa da comunidade lusófona, formada por Brasil e outros oito países. Algumas pedem o fortalecimento da difusão da língua portuguesa, para outros a parceria econômica é o que mais interessa.

Comparando com a população mundial, o tamanho da lusofonia até parece tímido: a população dos nove países lusófonos soma 301,6 milhões de pessoas - 3,7% do total do planeta. Para cada mil pessoas, 38 vivem em países da comunidade.

Não são todas essas pessoas que falam português, no entanto. Em Angola, apenas 71% são fluentes na língua, por exemplo. No Timor Leste, mais de 20% falam português, mas são poucos os que o têm como língua materna. Na Guiné Equatorial, o idioma é dominado por somente 1% dos habitantes.

Atualmente a Angola assume a presidência rotativa da CPLP, a Comunidade das Nações de Língua Portuguesa, e tem como prioridade a cooperação econômica. Esta medida também reflete nos outros países africanos lusófonos.

Os países africanos, em especial a Angola e Moçambique, são os países com maiores projeções de crescimento populacional. A Angola tem hoje 36 milhões de habitantes, com projeção de duplicar este número até a década de 2050 e triplicar até 2100.

Para as missões brasileira e portuguesa na CPLP, com base em Lisboa, a agenda econômica tem peso, mas a prioridade ainda é a difusão do português, dentro e fora dos países-membros.

O timorense Zacarias da Costa, secretário-executivo da CPLP, afirma concordar que o grande desafio dos próximos tempos será facilitar acordos econômicos e comerciais pós-covid.

Ele afirma também a relevância da comunidade e do idioma no cenário global:

"Juntos, nossos países representam 8% da superfície continental do planeta, com enorme potencial econômico: estamos em 4º lugar na produção mundial de petróleo e temos 14% das reservas globais de água doce, além disso, hoje já são 33 organizações internacionais que usam o português como língua de trabalho, atestando a importância da CPLP a nível internacional."

Texto adaptado do jornal Folha de S.PAULO

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/11/mundo-com-8-bilhoes-une-lusofonos-pelo-idioma-e-os-separa-pelas-prioridades.shtml