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Educador, linguista, escritor, estudante de antropologia e mentor de jovens
Entrar em uma cozinha, enquanto a água em ebulição coa um cafezinho e uma bandeja de pão de queijo sai do forno, é uma experiência olfativa e afetiva que muitos mineiros reconhecem. Contudo, grande parte dos brasileiros apenas conservam memórias do sabor dos cafés de mercado, de grandes produtores, que pouca atenção prestam ao seu cultivo e colheita. Estes cafés pouco representam a verdadeira qualidade dos nossos grãos, provenientes principalmente dos solos montanhosos de Minas Gerais e do interior de São Paulo, que privilegiam o seu cultivo. Ao mesmo tempo, se os chilenos e argentinos são nossos vizinhos especialistas na arte e na técnica da vinicultura, os brasileiros, assim como os seus primos colombianos, também possuem todas condições favoráveis para se tornarem expertos na arte barista, reconhecendo, degustando e promovendo os melhores cafés nacionais. É aqui que entra em cena a franquia de cafés especiais que mais cresce no Brasil, a Cheirin Bão.
Dedicada proporcionar, além de cafés especiais, momentos únicos, o empório mineiro nascido em Varginha no ano 2014, não para de crescer. Apenas dois anos depois de sua fundação, a Cheirin Bão entrou para a rede de franquias Holding Universal Franchising, expandindo consideravelmente a sua presença em território nacional. Não muito tempo depois, em 2018, a rede chega a Portugal, na cidade do Porto, abrindo sua primeira loja no exterior. Atualmente com 480 unidades e 2.500 colaboradores espalhados pelo Brasil, a rede tem o plano ambicioso de chegar a 2 mil lojas em 2025, meta que não parece tão distante, considerando que durante a pandemia o empório cresceu mais do que nunca.
Em seu cardápio encontramos sabores e expressões linguísticas muito mineiras. Seus três cafés principais são o Bão, ácido e cítrico com notas de frutas vermelhas. O Mió, mais adocicado e suave, com notas de frutas amarelas. E o Moca, que como o próprio nome sugere, propõe combinações com leite e doces de base láctea, por ser encorpado, meio amargo e de baixa acidez. O brasileiro que entra em um empório da Cheirin Bão, muito provavelmente vai fazer automaticamente associações dos nomes dos cafés com o estado de Minas Gerais. Porém, um estrangeiro, independente do estado que esteja visitando ou morando, já pode ter um contato pelo paladar e pela linguagem com um dos estados mais queridos do Brasil. Tomar um café mineiro com um pão de queijo quentinho é como uma viagem de trem ao som de Milton Nascimento. Nos faz lembrar que a simplicidade é carregada de muita sofisticação e magia.
Ana Andrade e a Cheirin Santo André
Uma das primeiras franquias da Cheirin Bão no estado de São Paulo foi aberta pela mineira Ana Andrade, no centro de Santo André. A região do Grande ABC, importante polo industrial, é conhecida por suas suntuosas fábricas e montadoras de carros, ônibus e caminhões. A região central, com numerosas lojas de roupas e eletrodomésticos, pode parecer uma locomotiva, com pessoas correndo de lá pra cá o tempo todo. Porém, quando entramos na Cheirin e somos recebidos pelos abraços carinhosos e o sorrisos da Ana e de sua equipe, somos transportados para um lugar onde as ruas de terra com casinhas coloridas e idosos sentados em cadeiras de balanço, representam a vida real. A cafeteria, sempre cheia de rostos familiares, representa a extensão da sala de estar de muitos dos consumidores. "Ah, Ana. Você já sabe né? Aqui eu me sinto como na minha casa. Eu tô doida pra trazer a minha amiga, mas ela tá sempre ocupada, cheia de coisas na cabeça. Uma hora eu consigo trazer ela aqui", comenta uma das clientes ao dar um abraço em Ana. A mineira, por sua vez, me diz que a Cheirin Bão a proporciona a felicidade de trabalhar com a cultura e a gastronomia de sua gente, baseada em doçura, simplicidade e relações verdadeiras.
A rede de cafés especiais não se limita apenas a experiências gastronômicas e culturais. O potencial pedagógico e educacional também se revela dentro das cafeterias. Em outra unidade na cidade de Santo André, na Vila Assunção, Alan Piosevan, um jovem funcionário de 19 anos, relata como se encantou com o café brasileiro ao receber um treinamento de baristas profissionais para poder iniciar o trabalho. Enquanto passa o café com a precisão de um especialista, me explica sobre o método que estou prestes a provar, assim como as características do grão que eu havia escolhido. Com um sotaque muito agradável e uma maneira de falar sem pressa, pergunto a ele se ele é mineiro. Ele me diz que não, mas que seus pais sim, e por tal razão às vezes o "mineirês" acaba saindo. Elogio sua técnica e amorosidade ao coar aquele café e lhe pergunto se ele deseja seguir aquela profissão. Com bastante convicção e brilhos nos olhos ele responde que sim, que o café havia mudado a forma dele ver a região de onde seus pais vem.
Alan Piovesan, aprendiz de barista
Com a experiência de Alan, percebemos o potencial transcendente da rede, que empodera nossa juventude com educação e profissionalização, a partir dos produtos nacionais de excelência, dentre os quais um dos mais destacados é o café.
Residindo na Colômbia, uma das minhas atividades favoritas é conhecer as cafeterias de Bogotá e outras cidades do país. Os colombianos se reconhecem como um povo cafeteiro, em que é indissociável falar sobre o seu país e não mencionar o café. Grandes redes como a Juan Valdez, a Oma, a Tostao e a Café Quindío são as principais responsáveis em promover esta cultura em todos os departamentos do território nacional. Também são responsáveis em fortalecer os pequenos cafeicultores das regiões cafeteiras, tais como Armenia, Huila, Tolima, Valle del Cauca, Sierra Nevada, Antioquia, Santander e Nariño. Hoje o colombiano tem a possibilidade de percorrer o seu país através dos diversos aromas e notas dos grãos de cada região, se orgulhando da qualidade ímpar de seu café. Sabendo que o Brasil também é um grande produtor de café, me causava certa tristeza que o meu país não explorava o seu real potencial cafeteiro, sempre enviando os nossos melhores grãos para o exterior e deixando para o consumo interno apenas os cafés de mercado. Esta tristeza hoje foi substituída pelo Cheirin Bão que vem acompanhado da expansão deste empório mineiro.
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