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Educador, linguista, escritor, estudante de antropologia e mentor de jovens
28 de dezembro de 2022
A cidade de Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, é mundialmente famosa pelas Cataratas do Iguaçu, as cachoeiras mais caudalosas do mundo, e também pela Hidrelétrica de Itapu, uma maravilha da engenharia moderna, capaz de gerar 14.000 MW de energia. Em 2010 uma nova personagem de destaque entra em cena, a UNILA (Universidade da Integração Latino-Americana). Este projeto político-pedagógico, inovador para o continente, recebeu os seus primeiros alunos no mesmo ano de sua fundação, provenientes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. De lá para cá, as origens dos estudantes foram se expandindo e diversificando, sendo que hoje a UNILA é a universidade mais plurinacional do país, com estudantes de 35 nacionalidades. Contudo, independente do país de origem, todos os alunos se reconhecem como unileiros, tendo a capivara como o seu animal símbolo.
Quem me encontra pela primeira vez em Bogotá, minha atual residência, apresenta certa dificuldade de reconhecer de onde venho. Me dizem argentino, uruguaio, mexicano, francês, italiano, brasileiro, marroquino, turco. A verdade é que sendo também um unileiro, me vejo espelhado em muitas outras pessoas, inclusive de nacionalidades distintas à minha. A UNILA é uma experiência ímpar na vida de um jovem. Quando chegamos à universidade e nos deparamos com pessoas tão diversas, nos reconhecemos como parte de algo muito maior.
Em minha experiência como estudante de antropologia na UNILA, começar a minha carreira nos estudos de cultura, enquanto convivia com uruguaios, paraguaios, argentinos, peruanos, venezuelanos, chilenos, bolivianos, equatorianos, colombianos e brasileiros de diferentes estados, foi algo que abriu e expandiu a minha mente de tal maneira, que nunca mais pude me encaixar em nada. Ainda que o distante me atraíra desde a infância, com menção especial ao Japão, cultura que me acompanhou em momentos alegres e tristes da adolescência, após estudar na UNILA eu comecei a também fazer um exercício de olhar para dentro, a explorar a minha própria cultura e subjetividades. Hoje penso que este é a maior aprendizado que a antropologia, estudo do ser humano, me proporcionou: a partir da diversidade humana, adquirir novos conhecimentos, respeitar as diferenças, ter consciência que fazemos parte de algo maior e por fim reconhecer-se a si mesmo, como um pequeno peixinho dentro da imensidão e força avassaladora das Cataratas.
Por fazer parte de um projeto político-pedagógico, a UNILA não deixa de sofrer ameaças por aqueles que desejam o fim dos encontros de jovens e futuros intelectuais latino-americanos. Ao mesmo tempo, com a dedicação e resiliência dos docentes, discentes, funcionários da universidade e também da comunidade externa, a universidade resiste bravamente e se fortalece a cada ano. Hoje são 29 cursos de graduação ofertados gratuitamente, entre eles Antropologia, Cinema e Audiovisual, História, Geografia, Música, Letras, Ciências Biológicas, Engenharia Física, Química, Ciências Políticas e Sociologia, Relações Internacionais, Serviço Social, Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Materiais e outros. (Para conhecer todos os cursos, entre aqui.)
Como ex-aluno e eterno unileiro, faço do amor pela América Latina uma bandeira e um estilo de vida, e torço para ver novas gerações de latino-americanos estudando e se reconhecendo como uma grande comunidade pluriétnica e plurinacional, que a partir da integração entre os países são capazes de transformar a realidade regional e mundial. Hoje vivo e trabalho na Colômbia, onde preparo jovens hispanofalantes que desejam estudar na UNILA a não apenas aprender português, mas entender o contexto sociocultural em que nosso continente está inserido, possibilitando-lhes que este início de jornada em estudos latino-americanos seja o mais prazeroso e proveitoso possível.
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